No processo de recuperação do solo podem distinguir-se as seguintes fases:
– Limitação das áreas afetadas e determinação do tipo e grau de afetação salina (solos salinos, salino-sódicos ou sódicos e valores específicos da condutividade elétrica, tipos de ânions, cátions, etc);
– Determinação das fontes de sal (água freática e água de irrigação) e das condições de
drenagem, (profundidade do lençol freático e suas variações com o tempo);
– Estudo da conveniência e possibilidade econômica da recuperação das áreas com diferentes tipos e grau de afetação salina. Do resultado desse estudo, deve-se definir a ordem de recuperação das diferentes áreas afetadas;
– Estudo teórico das necessidades de melhoradores e de lâminas de lavagens para finalmente formular recomendações sobre a metodologia da recuperação dos solos;
– Avaliação dos resultados que se tenha obtido para fazer as correções correspondentes e
recomendações sobre a recuperação dos solos.
No caso da recuperação de solos salinos se requer somente a eliminação de sais solúveis do perfil num grau suficiente e uma adequada profundidade para permitir o desenvolvimento das culturas.
A única forma prática de se eliminar os sais solúveis é por lavagem, transportando os sais solúveis a horizontes abaixo da zona radicular pela aplicação de suficientes quantidades de água.
Práticas de manejo
Algumas das práticas de manejo mais comuns para solos afetados por sais, são as seguintes:
– Aplicação de irrigações frequentes de maneira a manter a pressão osmótica do solo tão baixa quanto possível. Isso não deve no entanto ser excessivo, pois os cultivos também podem sofrer pela excessiva quantidade de água, falta de aeração e perda de nutrientes por lixiviação;
– Tratar de conseguir uma distribuição uniforme de água nivelando adequadamente os campos e usando os métodos de irrigação mais eficientes;
– Quando se usa irrigação por sulcos, semear as sementes longe da zona de maior acumulação de sais que é a parte mais alta do camalhão. Assim sendo deve-se semear dos lados dos sulcos.
Thome e Peterson (1964) considerando a menor tolerância das plantas ao sal durante o período de geminação, recomendam que se faça a semeadura durante estações úmidas ou irrigar com freqüência, atéque o cultivo esteja estabelecido. Recomendam, ainda, a seleção de cultivo. tolerantes.
Métodos de recuperação
Existem diferentes métodos de recuperação de solos com problemas de sais, sendo mais comuns os seguintes: Métodos físicos, biológicos e químicos.
Todos esses métodos têm como objetivos principais, melhorar a permeabilidade dos solos e permitir a troca de sódio por cálcio no complexo de troca.
A seleção do método a ser utilizado requer o conhecimento das características estruturais dos solos, do tipo e classe de sais, das condições físicas e químicas do perfil, assim como da capacidade natural de drenagem.
Métodos de recuperação físicos
Esses métodos consistem em dar um tratamento mecânico ao solo, como subsolagem e aração profunda, tudo isto com a finalidade de romper capas endurecidas para melhorar a permeabilidade do solo.
Métodos de recuperação biológicos
Estes métodos consistem no uso de melhoradores orgânicos e plantas tolerantes aos sais para propiciar uma melhora da permeabilidade do solo.
Como se sabe, uma das funções dos microorganismos do solo, é a decomposição da matéria orgânica, em cujo processo libera uma série de compostos orgânicos que agregam o solo aumentando sua permeabilidade. Por outro lado, durante o processo de decomposição da matéria orgânica, os microorganismos do solo liberam CO2 o qual, ao se combinar com a água, forma ácido carbônico, que pode solubilizar sais de cálcio precipitados no solo.
Métodos de recuperação químicos
Este método é usado particularmente na recuperação de solos sódicos e ocasionalmente em solos salinos-sódicos e consiste em incorporar substâncias ao solo com a finalidade de solubilizar o cálcio existente no solo ou agregar diretamente em forma solúvel com o objetivo de substituir o sódio por cálcio no complexo de troca.
Existem várias substâncias que se usam como corretivo de solos sódicos e salino-sódicos. A seleção de uma dessas substâncias dependerá de: características do solo; velocidade de recuperação desejada, limitações econômicas.
Os principais corretivos usados para recuperação dos solos são os seguintes:
– Sais de cálcio (cloreto de cálcio e sulfato de cálcio);
– Ácido sulfúrico;
– Formadores de ácido: enxofre, sulfato de ferro, e sulfato de alumínio.
Adaptado de:
CORDEIRO, G. G. Salinidade em áreas irrigadas. Petrolina: Embrapa Semi-Árido, 2003. 32 p