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A classificação da água para fins de irrigação é um recurso que fornece urna base para predizer com razoável confiança o efeito geral da sua utilização sobre o solo e a planta e sob o sistema de irrigação.
Segundo Richards (1954) ao se classificar uma água para irrigação, supõe-se que ela será usada sob condições médias com respeito à textura do solo, velocidade de infiltração, drenagem, quantidade de água usada, clima e finalmente à tolerância dos cultivos aos sais. Desvios consideráveis do valor médio de água que, sob condições médias, seria de boa qualidade. Estes aspectos devem ser considerados quando se trata da classificação de água para irrigação.
Os esquemas de classificação estabelecidos para avaliação da qualidade da água são empíricos e baseados em algumas características químicas da água e fisiologia das plantas. Todavia, enfocaremos particularmente na classificação adotada pelo laboratório de Salinidade dos Estados Unidos, a qual apresenta um diagrama de classificação combinando a Relação de Adorsão de Sódio (RAS) e a concentração total de sais para formar 16 classes de água, variando assim C1 a C4 e de S1 a S4 em todas as combinações possíveis. O diagrama de classificação é mostrado na Figura 1. O significado e a interpretação das classes de acordo com este diagrama se resumem a seguir.
Perigo de Salinidade
As água são divididas em classes segundo sua condutividade elétrica (CE). Provavelmente o critério mais importante com respeito à qualidade da água para irrigação seja a concentração total de sais. Tomando como base este critério de CE, as águas se dividem em quatro classes: salinidade baixa, salinidade média, salinidade alta e salinidade muito alta, sendo os ponto divisórios entre classes 250, 750 e 2.250 microsiemens/cm.
Cl – Água de baixa salinidade (com menos de 250 uS/cm de condutividade elétrica.).
Pode ser usada para irrigação na maior parte dos cultivos em quase todos os tipos de solos com poucaprobabilidade de desenvolver problemas de salinidade.
C2 – Água de salinidade média, com conteúdo de sais entre 250 e 750 uS/cm pode ser usada sempre que houver um grau moderado de lixiviação.
Plantas com moderada tolerância aos sais podem ser cultivadas em muitos casos, sem
necessidade de práticas especiais de controle da salinidade.
C3 – Água com alta salinidade, com conteúdo de sais de 700 a 2.250 uS/cm não podem ser usadas em solos com deficiente drenagem e, mesmo com drenagem adequada, podem ser necessárias práticas especiais para controle de salinidade e só deve ser aplicada para irrigação de plantas tolerantes aos sais;
C4 – Água com salinidade muito alta, com mais de 2.250 uS/cm, não podendo ser usada em condições normais. Pode ser usada ocasionalmente, em circunstâncias muito especiais como solos muito permeáveis e plantas altamente tolerantes aos sais.
Perigo de Sodificação (Alcalinização)
As águas são divididas em classes segundo a Relação de Adsorção de Sódio (RAS). Esta relação expressa a atividade dos íons de sódio em reações de intercâmbio catiônico com o solo.
Tomando-se como base este critério de perigo de sódio, as águas se classificam em quatro classes: baixo, médio, alto e muito alto, as quais dependem dos valores da RAS e da CE. Para valor de CE de 100 uS/cm, os pontos de divisão se encontram em valores para RAS de 10, 18 e 26. Entretanto, com uma maior salinidade, os valores para RAS diminuem progressivamente até 2.250 US/cm, os pontos divisórios se encontram para valores de RAS de aproximadamente 4, 9 e ] 4 (ALISON, 1966).
Ou seja, para valores maiores de salinidade (CE) necessitamos menores valores de RAS para aumentar o perigo de sodificação.
Sl – Água com baixo teor de sódio, com valores de RAS menores que 10, pode ser usada para irrigação em quase todos os tipos de solos com pouco perigo de desenvolvimento de problemas de sodificação;
S2 – Água com teor médio de sódio com valores de RAS de 10 a 18. Estas águas só podem ser usada sem solos de textura arenosa ou em solos orgânicos de boa permeabilidade uma vez que em solos de textura fina (argiloso), o sódio representa perigo;
S3 – Água com alto teor de sódio, valor de RAS de 18 a 26. Pode produzir níveis tóxicos de sódio trocável na maior parte dos solos, necessitando assim práticas especiais de manejo tais como: drenagem, fácil lavagem, aplicação de matéria orgânica;
S4 – Água com teor muito alto de sódio, valores de RAS superiores a 26. É geralmente inadequada para irrigação, exceto quando a salinidade for baixa ou média ou o uso de gesso ou outro corretivo torne possível o uso dessa água
Adaptado de:
CORDEIRO, G. G. Salinidade em áreas irrigadas. Petrolina: Embrapa Semi-Árido, 2003. 32 p